Quando, como e porquê o homem se apega à religião? Ao misticismo? Em que ponto ele começa a crer na espiritualidade, na transcendência?
Como se explica aquela explosão interna da raiva, ou de amor que se espalha pelo coração, assim como num copo de água cristalina se espalha o pó de café, tornando-a turva?
A ciência diz que tudo é química. Hormônios, etc. Eu leio e gosto.
Mas eu também gosto das explicações poéticas de heterônimos, da arte do sonho, da interação eu-lírico-autor-leitor.
Gosto do texto científico, mas também gosto do texto como arte. A arte da representação do sentimento. A precisão e a imprecisão das palavras.
Há versos em que sinto exatamente o que o autor quis dizer, cujos contornos dados ao eu-lírico são definidos. Porém há outros em que não se tem certeza do que está se descrevendo. Há inúmeras possibilidades de interpretação, vários eu-líricos possíveis, depende apenas do leitor, do que este está sentindo quando lê.
Neste caso não há contornos... Tudo é fumaça. E nesta névoa literária se esconde o mistério, que reflete o próprio leitor.
Também adoro a musicalidade dessa névoa, cujos versos intensificam a camada sonora com assonâncias, onomatopéias, harmonias imitativas...
É incrível quando à esta mistura é adicionado o cromatismo, ou seja, palavras que sugerem cor, e para finalizar, quando há a sinestesia. Nesta, todos os sentidos se misturam. A cor passa a ter cheiro ou gosto. O gosto passa a ter tato. É a arte do abstrato.
Qual é o seu ponto de vista?
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