Pensar sob a luz da ótica múltipla. Ver os mesmos fatos sob inúmeros pontos de vista e conhecer outros pontos de vista sobre um mesmo fato, por mais banal que este seja... É objetivo deste BLOG, adquirirmos um Olhar Plural, que é justamente discutir o que for, para aumentar o alcance de nossa visão de mundo. Afinal, cada visão é provida de uma mistura complexa de virtudes e limitações. Assim, as limitações do raciocínio de uns, são supridos pela virtude dos de outros e vice-versa. Com isso, forma-se o que chamamos de Olhar Plural. Cuidado: a luz da nossa própria razão, as vezes é tão forte que nos ofusca, tornando-nos cegos.

Caixa de texto: Home      Enquete      Jogo      Ítalo      Mavi      Oscar      Surrealismo do Acaso

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Made in Brazil

A Farra do Boi é uma das manifestações mais polêmicas em Santa Catarina. É patrimônio cultural herdado dos portugueses de acentuada influência açoriana nas manifestações folclóricas.
A prática acontece com mais intensidade durante a Quaresma. A Farra do Boi, segundo a tradição, possui conotação de ordem religiosa. Alguns dizem que é um ritual simbólico, uma encenação da Paixão de Cristo, onde o boi representaria Judas; outros acreditam que o animal representa Satanás e torturando o Diabo, as pessoas estariam se livrando dos pecados.
No entanto, hoje, bem longe das antigas tradições, já perdeu todo o seu aspecto religioso e tornou-se macabra, sangrenta e cruel, com praticas desnecessárias e sem sentido. O boi, pôsto em "liberdade", é perseguido nas ruas e no mato, ou em mangueirões, até esgotarem suas forças.
O animal é torturado de diversas maneiras: animais banhados em gasolina e depois incendiados, pimenta jogada em seus olhos que, geralmente, são arrancados. Participantes quebram os cornos e patas do animal e cortam seus rabos. Os bois podem ser esfaqueados e espancados, tudo isso tendo o cuidado para que o animal permaneça vivo até o final da "brincadeira". Em alguns municípios os organizadores não dão água ao boi, que fica solto nas ruas até sua morte. Depois, ainda é crucificado.
Festa surreal de trogloditas: imagine uma multidão perseguindo um boi pelas ruas da cidade, mas com pedradas, pauladas, facadas... Depois de horas, de muita mutilação, de perder muito sangue, de tentar inutilmente fugir de seus algozes, quando o animal não agüenta mais ficar em pé, é morto... Alguns farristas chegam a requintes de crueldade, tais como: furar os olhos, introduzir cacos de vidro no ânus desses animais, e por ai vai. Essa tortura pode continuar por três dias ou mais. Finalmente o boi é morto e a carne é dividida entre os participantes.
Cadê a religião? Que linda tradição! Festa de trogloditas, selvagens, simplesmente irracional. Hoje em dia é apenas uma oportunidade pra se fazer uma festa e de se ganhar algum dinheiro extra. Trata-se apenas de uma alternativa à uns poucos de conseguirem certo ganho com a venda de produtos relacionados à isso, pois alguns moradores aproveitam para vender bebidas e petiscos para os participantes.
Após longas discussões, havia ainda muita contestação por parte da sociedade organizada através de entidades de proteção e defesa dos animais. Mas esta questão polêmica foi decidida em 3 de Junho de 1997. O Supremo Tribunal Federal, através do Recurso Extraordinário número 153.531-8/SC; RT 753/101, proibiu a prática em território catarinense por força de acórdão, na Ação Civil Pública de nº 023.89.030082-0.
Neste passo, hoje, dez anos depois de ser proibida pelo STF, a farra do boi continua a ser praticada ilegalmente em Santa Catarina e, segundo dados da PM (Polícia Militar), cresce a cada ano.
Entidades locais acreditam que interesses político-eleitoreiros sejam a causa da perpetuação da infração da Lei Federal. Alguém tem dúvida disto?

Um comentário:

Mavi disse...

Eu tenho todas as dúvidas possíveis a respeito da continuação dessa festa, e vou postar algo pra explicar minhas dúvidas...